Sobre o filme "Gritos e Sussurros" de Ingmar Bergman


A vida que se nega a viver, a morte que se nega a morrer.

Vida e morte que tangenciam rubros, alvos e negros momentos de perfeição em que o alívio paliativo da vida se cristaliza em fugazes momentos de prazer. Imagens e sons viscerais superpõe a recusa em acreditar que o amor vem de uma função, muitas vezes remunerada, a despeito do genuinamente inventado: o sangue! Seus matizes espalhados em faces, paredes e passagens mostram a falsidade em se esperar mais desta relação do que objetivamente acreditar no ímpio verde de olhos que podem ser lidos ou em papéis que tudo corrompem. E quando o pagamento é devido, não há dívida alguma, apenas palavras filtradas por véus e densos olhares encapuzados.




Lançamento
desconhecida (1h31min)
Dirigido por
Ingmar Bergman
Com
Ingrid Thulin, Liv Ullmann, Harriet Andersson mais
Gênero
Drama
Nacionalidade
Suécia

Sobre o filme Xeque-Mate (Queen to Play / Joueuse)

Sutil. Sutil como a vida se desdobra, desdobra a cada passo, a cada movimento. Há um pilar que desequilibra a vida, como se a volição fosse proibida a cada ente. E o feito, desfeito não vale. Se os passos são meticulosos, destoa a visão do futuro longínquo, afinal, enxergar muito longe, olhando para o hoje, por definição, o torna um vidente. Mas arquitetar seu papel com o papel dos outros o torna um autônomo dependente. Na impossibilidade da liberdade, riscamos o mundo com trajetórias que não passam de movimentos premeditáveis.

Atuação, fotografia, roteiro. Impecável. Exceto pelo que me aturde, mas isso não importa. Assistam!







ORIGINAL: Joueuse (2009)
PAÍS: França
palavras-chave: drama, jogo, xadrez,
DIRETOR: Caroline Bottaro
ROTEIRISTA: Caroline Bottaro, Bertina Henrichs


Sobre o filme "Sunshine - O Despertar de um Século"


Um filme obrigatório.

Quatro gerações de húngaros atravessando o berço imperial até a expulsão dos comunistas, tudo sob o seio doméstico. Amores e desamores revelam a volatilidade dos conceitos, regimes e intentos de igualdade. Deixou nítido como a política, bem como a religião, são subterfúgios para manipulação do interesse de poucos, independente do regime. Ou seja, estamos todos fadados à natureza autopreservativa dos líderes como previu George Orwell's em "A revolução dos bichos". Via de regra, coloque poder nas mão de alguém para conhecer sua corruptibilidade. Ainda, diante do poder distribuído, numa aristocracia ou democracia, algumas poucas laranjas podres podem comprometer as demais. Talvez o sistema seja fruto da nação. Somente existem revoluções populares quando não mais há identidade, fato ocorrido na Hungria em 1956 ou no Egito em 2011. No mais, um povo deve continuar vendo seus políticos como espelho, sobretudo no sistema democrático representativo.







Data de lançamento: 1999 (mundial)
Direção: István Szabó
Lançamento em DVD: 8 de maio de 2001
Duração: 181 minutos
Trilha sonora: Maurice Jarre

Sobre o filme "O discurso do rei". Vencedor do Oscar 2011


Um filme interessante. Mostra como a humanidade é cretina ao imputar credibilidade à dicção ou outras digressões do normalizador senso comum.

Este filme mostra também como a escola americana continua idiota ao premiar histórias estereotipadas. Não que o filme seja ruim, mas não acredito que devesse conquistar um prêmio de tamanha notoriedade.

A narrativa segue a linha de qualquer filme que projeta as dificuldades do protagonista, gerando identidade com o expectador, cujo óbvio final da saga é o sucesso. Ou seja, por essa lógica, Karate Kid ou Rock deveriam conquistar o Oscar também, ou 99% dos filmes americanos.

Perdoem, acabei de checar que Rock Balboa conquistou o Oscar de 1977. Nota-se que os cérebros dos cineastas anglo-falantes continuam os mesmos.

Então é isso. Segue a receita de bolo para ganhar o Oscar. Acho que "quem quer ser um milionário" também se enquadra.

Deixo claro que todos os filmes citados me entretiveram, mas não posso elevá-los ao estado da arte. Embora, quem sou eu para julgar o que é ou não arte? Um mero espectador não inerte.



Veja o filme completo:




Data de lançamento: 26 de novembro de 2010 (mundial)

Direção: Tom Hooper
Roteiro: David Seidler
Fotografia: Danny Cohen
Gênero: Histórico , Biografia , Drama
Elenco: Colin Firth, Helena Bonham Carter, Derek Jacobi
Nacionalidade: Reino Unido
Prêmios: Oscar de melhor filme, Oscar de melhor ator, Oscar de melhor diretor

Sobre o filme "Os Girassóis da Rússia" com Sophia Loren e Marcello Mastroianni


Histórias, nossas histórias... Dias de luta, dias de glória. É assim que vislumbramos histórias e histórias que se passaram durante a grande guerra.

Ao imaginar o óbvio fim fiquei estupefato com o desdobramento triste dos amores consumados e consumidos pelo dever moral. Certamente a gratidão deve ter mais valor que a vida e esta mais que a família.

Ainda assim, a forma deste filme é melhor que o conteúdo. É belíssimo ver uma Rússia Comunista florescer em seus conjuntos habitacionais com luz e água encanada. Trens a cortar uma Europa em reconstrução e campos de girassóis tingindo o país do muro vermelho ainda em formação.

E claro, Sophia, sim, a musa do século passado, sem dúvida, irradiou mais que os campos e cemitérios que pisou.

Um belo filme.




Veja o filme completo:



Informações Técnicas
Título no Brasil:  Os Girassóis da Rússia
Título Original:  I Girasoli
País de Origem:  Itália / França / Rússia
Gênero:  Romance
Tempo de Duração: 101 minutos
Ano de Lançamento:  1970
Site Oficial:
Estúdio/Distrib.:  Versátil
Direção:  Vittorio De Sica

Elenco
Sophia Loren ... Giovanna
Marcello Mastroianni ... Antonio