Sim, hoje eu senti, vislumbrei um olhar fulgurante, dramático. Uma queda graciosa que me fitou, a terminar num ato seco, despejou esta liberdade em meu cálice transbordado e disse: - Engula! Este olhar traçado com lábios, dentes, pele, fulgurou, atiçou, relembrou numa trama velhas perguntas "a que viemos?", "qual mundo queremos?", "mais do mesmo ou o inesperado constante?". O novo pode existir se é movido por velhos sentimentos? Amor... que matéria entoada, reentoada, trovada, profetizada, prometida, escondida, reciclada, traduzida, depenada. Toca a canção que faz esquecer a amada, num exercício para trazê-la numa tragada.
Esquecer torna-se a fórmula para a liberdade máxima? Ou devemos viver eternamente bem diante do "apezar de"? Seremos livres quando amarmos solitariamente, despojados do amor alheio. Egoísmo? Para mergulhar no céu precisamos de um fio inextensível que nos guie no caminho de volta. A beleza da ida culmina na beleza do nada e termina na atmosfera enjaulada no tórax, que aprisona a vida dependente, ou seja, presa por vontade. Exercemos a liberdade quando a negamos para amar. E afinal, para que vivemos de poesia e circo senão para sermos livres e presos e nos enforcarmos na corda da liberdade*?
*o trexo "enforcarmos na corda da liberdade" advém do programa "provocações", Antônio Abujanra.
(Texto em elaboração)
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