A clínica: elocubrações

Poderão modelos computacionais superar àqueles formados no cérebro de um clinicante experiente?

A clínica advém da observação fomentada pelo ensino. O olhar clínico possui uma condução, é dirigido. Assim, o conhecimento teórico dispensado torna-se prático ao implementa-lo fora dos modelos inerentemente limitados por serem retratos da realidade, e não ela própria. O sedutor poder da clínica perpassa pelo poder dos modelos. Tratamentos de viés epidemiológico pretendem ofertar a cura a partir da universalização, do abrangente. Tratamentos empíricos, a partir do específico, constroem modelos amorfos em sua complexidade ensimesmada que tende ao infinito no universo do clinicante. Evidentemente não se pode prever com p=1,0 o resultado de um de um tratamento. A grande busca, portanto, tornou-se criar modelos aplicáveis que assegurem algo o mais próximo do 1,0 ideal. Formar modelos em clinicantes pode levar décadas até que seus índices de diagnósticos e prognósticos sejam satisfatórios, sobretudo no tratamento farmacológico, onde a incidência de erros é significativa. Porém, por mais sofisticado que um modelo computacional se apresente, superará modelos empíricos humanos? Ou ainda, mediante as variáveis adotadas e suas limitações em processa-las, os modelos computacionais apenas serão complementos, ferramentas para os modelos empíricos humanos? A clínica vai além do diagnóstico. Não é desejável a alta na clínica, não se trata de um caso, mas da existência, do tratamento e das causas e, destarte, da prevenção da reincidência. Clinicar é observar e criar modelos recursivamente. É o que temos de mais avançado até o momento, já que tudo ainda depende do fator humano do clinicante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário