Pra que perdoar?


Pra que perdoar?
Se fazes tanto o sentir?
Se tornas a magoar?
Se praticas o ferir?

Pra que perdoar?
O mundo acabou.
A salsa virou.
O sapato partiu.

Pra que perdoar?
Seus olhos não sambam.
Seu viço não vinga.
Seu colo não dorme.

Pra que perdoar?
Se morres a cada minuto.
Se mirras teu sofrimento
Se tosas amores.

Perdoar não tem serventia.
Não denota, não indicia
De  trazer seu amor facínora
De cobrir-me das cores do dia
De amar-te com o brio do vento.

De tocar-te com a pluma do ninho.
De roçar-te com o som do momento.
De fazer-te criar o soluço do vinho.
De brincar-te, fugir-te, sugar-te.

Irromper tua lingua, ferir teu materno.
Rasgar, rangar... Sorver-te morta.
A morte meu perdão? Não.

Pra que perdoar-te?
Pra que perdoar-me?

Perdão para os fracos, viciados no erro, descaminhados na vida.

O perdão é um erro!

Pra que perdoar?

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