Sobre "Os sertões", Euclides da Cunha

A terra, o homem, a luta. Abre-se com pitoresca descrição das intempéries pertencentes aos solos áridos e sua consequente lapidação no espírito. A sórdida ingenuidade de um povo mestiço e carente, uma invenção europeia de quem fracassou no intento da limpeza étnica praticada pelos colonizadores no norte. Alimentou uma esperança triunfal de salvação mediante o estoicismo severo pregado pelo penitente Antônio Conselheiro. A corroborada incompetência do governo recém instaurado fortaleceu a lenda de Canudos, ao fazer de uma empreitada simples, exterminando meia dúzia de miseráveis, uma verdadeira Ilíada com menos requintes intelectuais dada a brevidade da história do povo que a criou.

Porém tal história foi fortemente adornada por crendices e atrocidades em meio a elementos naturais aterradores. As genuflexas famílias suportaram a bombardeios, incêndios, chacinas e tiveram suas 5200 casas, além de duas igrejas totalmente destruídas. No fim, quatro jagunços foram assassinados por soldados rugindo raivosamente em cinco mil. E o triunfo a cabeça de um profeta.

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