Odisseia pueril - parte 2

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Na viagem ao passar entre cidades,
olhares oblíquos de jovem fêmea.
Será que tem algum afago por caridade,
Para este pobre enamorado na peleja?

Nada, fica somente com sorrir faceiro
alimentando mais ainda meu pesar.
Ao chamar-lhe indica sua mãe no eleio
Não amenizando meu cáustico amar.

Do que adianta procurá-la em lábios de outrem?
Acariciar meu reflexo do baço vidro?
Perder pensamentos que nada fazem
Ao ver passar seu sagrado abrigo?

Para tantos uma casa como as outras...
Para mim onde a ninfa dorme a devanear.
Leito onírico em que repousas.
Daria a alma apenas por um olhar.

MATIZES

Tantas noites mal dormidas,
horas passam sem olhos cerrar.
Alma fatigada e dorida.
Recobra alento com o sol a raiar.

Em convidativos gestos os sabiás
arrebatam-me da cama: - Vá nadar!
No mar azul com que me olhas,
vejo o espectro da amada a cintilar.

A fria lua faz as pazes com o astro impiedoso
mostrando a possível e bela fusão dos antagônicos.
Será um sinal ao lograr por terreno pedregoso?
Vencerei o embate das confusões e pânicos?

Refrigera-me ó doce visão da amada.
Se tamanha formosura adornasse minha lágrima,
haveria deste mar se transformar em cristal.
Congelaria o vento, o sol, a arrevoada
Para fazer-te brincos, oh flor virginal!

Transborda-me deste etéreo sentimento,
destituído de profana intenção.
Prostro aos teus pés a candura deste lamento,
faça-me teu, sorva-me numa libação!

Do rubro sangue purpúreos trovões.
Do estampido, doces conclusões.
Do cinéreo vício passa a chover.
Do vago crânio mais nada a dizer.

CÂNDIDO AMOR, COMO NOS CONTOS

Entre fadas e duendes aguardo meu destino.
Bruxas e castelos não são mais empecilhos.
Apenas a varinha de condão livrará o desatino,
tornando príncipe, da terra este pobre filho.

És o leão que perdeu a coragem.
Seguiste a caminhar com outros neste sonho
Sábio mago, a solução no fim desta viagem.
Mostrou que sempre carregou consigo tal ganho.

Prenderam-me na torre, cortaram meu cabelo.
Esperarei mil e uma noites, vou escapar
deste labirinto verde, fujo do apelo
ao grito do exército de cartas a se lançar.

Se na densa floresta encantada
a flecha do nobre ladrão me atingir,
será melhor que a maça envenenada?
Pois não terei o beijo do despertar a cingir.

Estremeço após as doze badaladas.
Não quero de perto de ti partir.
Mesmo em silêncio quero admirar,
Sem importar em criar porvir.

continua...

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