Sobre "Sagarana - A volta do marido pródigo", João Guimarães Rosa

Existe mistura possível entre amor e política? Desculpem a rasteirice do comentário: - O cara teve a manha!
Um marido pródigo com uma esposa pródiga. Vá! Ganhe seu quinhão ao escusamente vender sua mulher, torre-o rumo ao sonho do litoral e retorne ao interiorzão sob a benevolência dos homens. Mais um frágil caráter a se fazer na bondade alheia. Mas que dá raiva, dá, ver malandro se dar bem.

Tome tento seu moço! Isso é história para se escrever? É por isso que não dá certo homem ser certo. Quer manter sua mulher e seu emprego? Seja inventivamente cafajeste. Moral invertida? Bem... o intento era atiçar. Logrado!

Nosso brasileirismo fala mais alto. A mesma displicente forma de lidar com a política se estende ao amor. Agimos em prol dos nossos, tentamos comprar opositores antes de meter chumbo se necessário. Perpetuando a ideia do "se não é meu, não será de mais ninguém", "se não tá comigo, tá contra".

Não posso deixar de notar a beleza da descrição histórica de um modo de ser fazer política, nos idos da falta de tecnologia, onde o corpo-a-corpo vigorou como única forma de promoção. Onde favores e cabrestos ainda eram mais importantes que barba feita e terno italiano. Ficamos mais apegados a aparência e menos pragmáticos desdenhando nosso ganho a curto prazo? Com a disseminação do sufrágio em um país como o nosso resta apenas à maioria escolher seus políticos tal qual escolhem seus amores: apenas pela beleza! Afinal como votar na Marina e no Serra? Se o Aécio fosse o candidato certamente ganharia sob o efeito Collor. Será que a Dilma dá um caldo? Ok, estou forçando a barra. Mas duvido muito que ao escolher seus amores as pessoas verificam seu passado político e a coerência das correntes de pensamento que pretendem implementar. As escolhas acabam ficando nas superficiais impressões.

Essa história me deixou aturdido e jocoso. Prefiro aquela versão do malandro fugindo do garçom, usineiro e ianque por não pagar a cana da resseção do Brasil. Mas malando que é malandro tem costas largas e escorrega mais que quiabo. Balança nesta rede macia de pequenas tramoias, deixando com os Sr. Malandrões os grandes esquemas, concedendo-lhes o direito de putrefar suas próstatas sentados no poder. Felinos, lambendo a sujeira um dos outros. E a pobre gente de bem deve docemente cuvar-se sob suas bençãos, já que apenas podem cuidar de suas relações alcunhadas amorosas.

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