Sobre "Morte e vida Severina", João Cabral de Melo Neto

A vida que teimosamente se renova. Na progressão radial do atroz desbotado sertão, ao verde da mata, nem mesmo o findar do Cabibaribe/Beberibe traz outra realidade que não remonte a morte por demanda daqueles que a custo equilibram as vastas cabeças paradoxalmente afetadas pelos desumanizantes três "d"*. O chão, carrasco e salvador, conforta plenamente, restituindo o negado pela ambição humana. Por que então não acertar o atraso dos naturais ponteiros e precipitar-se para a morte na fonte da vida? Teimosia, ora! Perseverança. Tola esperança! Quem sabe cobrindo nossos indigentes com jornal não chegarão a "doutor". Famigerada vida, anônima morte... Seja cicatrizada ou lodosa não resta escolha para o ser vivente: tudo dado, muito ou pouco, será cobrado.
*dermatite, diarréia e demência

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