Sobre "Noites brancas", Dostoiévski

Um momento total de felicidade é suficiente para inundar uma vida? Eu diria que sim... Por que se identificar tanto com essa história? Ser o patético passional a sonhar com damas que choram na beira do cais, ou dos trilhos de um trem? Um belo sorriso e aquele estereotipado olhar cativante ainda serão capazes de degelar um coração? Quem desfrutou do celeste jamais desejará debruçar-se no telúrico...

Quatro noites a coser o devaneio, alegria forjada de concretizar o amor que durou apenas horas, desvanecido com o quase sim que virou o bruto não.

Fatidicamente houve tempos em que não era permitido a um poeta concretizar sem máculas seu amor, mantendo-o na candura de cortinas que desvanecem a imagem da donzela espectral. Depois veio o fio do Machado a colocar minhocas realistas nas cabeças...

Dostoiévski... ah Dostoiévski! O que acontecerá após a desilusão? Nosso herói se tornará pragmático e tomará os corpos das damas desalmadas pelos incontáveis trastes? Nos subsolos do humano que amou nada além da resignação pelo tempo pretérito... o amor deveria permanecer como verbo intransitivo.

Textos complementares:
Mediastino
Aqueronte seco
Sublimação
completude na incompletude

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